Club de Regatas Vasco da Gama

CR VASCO DA GAMA

O Gigante e a Majestade

O último dia 11 de abril foi uma data histórica para a cultura brasileira. A data representou o centenário de fundação do Grêmio Recreativo e Escola de Samba Portela, a maior campeã dos desfiles do carnaval carioca.

A Portela não é apenas um luzeiro de títulos e campeonatos: ela projetou e acolheu nomes grandiosos da musica e da cultura brasileira, foi cantada em verso e prosa, e mobiliza uma multidão de fieis torcedores apaixonados incansáveis em vestir suas cores, cantar seu hino e amar a sua bandeira!

Parece o Vasco.

Mas não é só isso que enlaça a história do Gigante da Colina e da Majestade do Samba em um traçado comum.

Um fato histórico relevante e distinto também uniu e consagrou o laço Vasco-Portela no percurso histórico: é que, das 22 estrelas que ostenta em seu pavilhão azul e branco, uma delas representa um campeonato conquistado pela Portela dentro do Estádio de São Januário!

É…São Januário já deu samba, minha gente cruzmaltina!

O ano era 1945. Evidentemente, uma era muito distante da construção, em 1984, do Sambódromo – lugar que hoje todos reconhecemos como palco dos desfiles.

As escolas de samba antes da década de 70 não gozavam do prestígio midiático e da popularidade proposta por seus desfiles, então propagados na TV: eram ainda grupos locais com força representativa fincada em suas comunidades suburbanas e pretas, tentando sobreviver a perseguições, boicotes, preconceitos e marginalização pelas elites.

O Rio de Janeiro, a Capital Federal do país, sediava os desfiles das escolas no Centro do Rio, na Avenida Rio Branco. Como o Brasil estava naquele ano de 45 envolvido na Segunda Guerra Mundial, o fato amornou os festejos de Momo para o ano em questão, e não houve subvenção para os desfiles.

Duas entidades foram fundamentais para o desfile das escolas de samba ocorrer em 1945, mesmo sendo desprezado pelo governo.

A LDN (Liga de Defesa Nacional, fundada em 1916 com motivações militaristas, mas “convertida” em 1938 em um comitê de oposicionistas que eram árduos combatentes dos regimes fascistas) e a UNE (União Nacional dos Estudantes) consideraram a relevância da afirmação das escolas de samba como vozes populares capazes de defender a causa democrática. A história viva de São Januário – erguido em 1927 na luta contra o elitismo e o racismo do futebol brasileiro – falou mais alto na hora de escolher a sede para o evento.

Assim, naquele domingo de 11 de fevereiro de 1945, a Portela desfilou no Estádio do Vasco e sagrou-se campeã com o enredo “Brasil Glorioso”, proposto pela LDN, com um samba-enredo do compositor Ventura.

Glórias e saudações cruzmaltinas à poderosa Águia Altaneira do Samba, a escola de Oswaldo Cruz e Madureira que festeja seu centenário neste ano de 2023!

Curioso: a Portela nasce num 11 de abril (1923) e São Januário ergue-se em um 21 de abril (1927), tendo ambos mais esse vinculo de existência:o surgimento em um mês de abril!

O que o Vasco é e o que nós somos?!

Mistura de todas essas coisas e de muitas mais!

Em mim, Vasco e Portela se misturam.

E eu encerro esta minha coluna numa foto ao lado de um graaaande amigo, de linhagem nobilíssima dentro das duas instituições. Pedro Valente “filho”, meu amigo de desfile na Portela, filho do eterno e grandioso Pedro Valente “pai”. Os Valente foram criados nas rodas mais célebres dos grandes nomes tanto do Vasco quanto da Portela, fazem parte da história de ambas as instituições.

Eu muito me orgulho da admiração em vida que o velho Dr. Pedro Valente teve por mim, recomendando a seu filho – poucos anos antes de morrer. – que desse continuidade ao prestígio que ele me nutria. E foi na quadra da Portela que eu e ele – dois vascaínos – nos conhecemos!

Pedro, irmão amado…esta foi pra você!

Salve o Vasco! Salve a Portela!

* O conteúdo dos artigos publicados é de inteira responsabilidade de seus autores, não representando necessariamente a posição oficial do Club de Regatas Vasco da Gama.

Sobre Helio Rainho

Hélio Ricardo Rainho é carioca da gema, vascaíno, portelense, graduado em Comunicação Social, doutorando e mestre em História, Política e Bens Culturais. Ator, autor, diretor teatral, jornalista, escritor e crítico cultural. Escreveu, em 1999, “Mauro Capitão Galvão – Lições de Vida, Lições de Futebol” e, em 2021, “Maravilha Negra – Fausto dos Santos”.

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