Club de Regatas Vasco da Gama

CR VASCO DA GAMA

Casaca! A origem do nosso grito de guerra.

Cantemos todos de coração! Vamos abordar a origem de um dos elementos mais vascaínos que existe: o Grito de Casaca. Esse sempre foi o grito de guerra do Vasco, criado pelos adeptos do Cruzmaltino.

"Você se lembra do hymno de guerra a desafio do Vasco? CASACA! CASACA! A TURMA É BOA! É BOA! É MESMO DA FUZARCA! VASCOOOO!..."

Cantemos todos de coração! Vamos abordar a origem de um dos elementos mais vascaínos que existe: o Grito de Casaca. Esse sempre foi o grito de guerra do Vasco, criado pelos adeptos do Cruzmaltino. O que resulta em confusão para algumas pessoas é que outros clubes do Brasil copiaram-no, ressignificaram a sua origem e acrescentaram novos dizeres ao cântico original.

A nacionalização do “Casaca” é resultado da influência cultural exercida pelo Rio de Janeiro, então Distrito Federal, na primeira metade do século XX. Nesse caso específico, estamos falando do poder de influência dos acontecimentos relativos ao campo esportivo carioca (mais precisamente, aqueles relacionados ao futebol) no qual o Vasco era um dos atores principais. Isso é uma forma de exemplificação da importância que o Clube tem dentro do esporte nacional.

As versões do surgimento do grito de casaca.

O surgimento do Grito de Casaca possui algumas versões, a maioria se baseia na história oral, reproduzidas por vascaínos que foram ou não contemporâneos ao fato. A origem mais provável desse grito de guerra está assentada nas vozes dos vascaínos ligados ao esporte fundador do Clube: o remo.

Embora haja contradições entre as informações apresentadas, o fato mais provável é o de que a formatação do grito de guerra vascaíno teria passado pelos amantes do esporte náutico e então se popularizado nos estádios de futebol.

1 - O grito de guerra de 1918

Uma das versões leva a sua origem a ter uma datação bastante antiga. A menção a este “grito” já estaria registrado no primeiro hino do Clube. De letra e música de Joaquim Barros Ferreira da Silva, o Hino Triunfal do Vasco da Gama, datado de 1918, diz que:

Quando o Vasco em qualquer desafio
Lança em campo o seu grito de guerra
Invencível, nervoso arrepio
Faz tremer o rival e a terra!

Qual seria este “grito de guerra” que fazia “tremer o rival e terra”? Seria o Grito de Casaca? A expressão “fuzarca”, relacionada à “farra” e, no esporte, à qualidade técnica do jogador, é um neologismo surgido no Rio de Janeiro na década de 20 do Novecentos.

Então, o “grito de guerra” que o primeiro hino vascaíno faz referência seria outro mais antigo? Ainda não sabemos…

Remadores vascaínos em confraternização, 1918. Acervo: Centro de Memória CRVG

2 - Versão Paulo do Carmo: do escotismo para os Supimpas, dos Supimpas para o futebol e a eternidade.

Amparando-se na memória dos antigos vascaínos, o grandíssimo vascaíno Alvaro do Nascimento Rodrigues, colunista do Jornal dos Sports, declarou que o Casaca, na verdade, teria sido inicialmente “Cazarca” (talvez uma menção ao pato-casarca, ave que pode ser encontrada em Portugal, nas áreas da Lagoa dos Salgados, do Algarve e de Sagres).

O grito de guerra do “Cazarca” teria se originado no Departamento de Escotismo do Vasco, que foi criado em 1926.

Posteriormente, foi aproveitado pelo chamado Grupo dos Supimpas, formado por sócios e torcedores vascaínos mais ligados ao remo, porém, que se faziam presentes nas mais diversas competições de outros esportes praticados pelo Clube, o que incluía o futebol.

Nas vozes dos membros do Grupo dos Supimpas (que só poderia ser constituído por torcedores e sócios do Vasco), e dos demais torcedores do Clube que formavam a massa de adeptos vascaínos nos campos de futebol, o grito de “Cazarca” foi transformado em “Casaca”. Assim nos diz Álvaro do Nascimento, o “Cascadura” (alcunha no Vasco) ou ainda “Zé de São Januário” (como assinava as suas crônicas):

GRITO DE GUERRA DO VASCO – Como tive ocasião de explicar no meu primeiro comentário, ‘Casaca’, o grito de guerra do Vasco, hoje o mais popular do Continente, não está de muitos anos, uma vez que só em 1927, foi introduzido no esporte o vocábulo ‘Fuzarca’, lançado por mim e pelo Isaías Rosa.

O “GRUPO DOS SUPIMPAS” – Em 1927, formou-se no Vasco da Gama o ‘Grupo dos Supimpas’, constituído de elementos da praia. Esse grupo, que mais tarde tomou grandes proporções, pesando até na balança política do Vasco da Gama, foi o primeiro a usar o ‘Casaca’, tal qual hoje é cantado em nossos campos. Também a glória do ‘Casaca’ não pertence ao ‘Grupo dos Supimpas’.

O ‘Casaca’ nasceu no Departamento de Escoteiros, do Vasco da Gama, chefiado por Paulo de Carmo. Isso deu-se entre 1928 e 1929. Paulo do Carmo, e seus escoteiros, entoavam uma canção que terminava com o ‘Casaca’, ou, para dizer com mais rigorosa justiça, com ‘Cazarca’.


‘Cazarca, Cazarca

Cazarca, Zarca, Zarca,

A turma é boa

É mesmo da Fuzarca!

Vasco!…Vasco!…Vasco!…’


Em 1930, o ‘Grupo dos Supimpas’, que praticava todos os desportos, oficializou o ‘Cazarca’ para as suas competições. Como os elementos do ‘Supimpas’, só podiam pertencer ao grupo desde que fossem sócios do Vasco, o ‘Cazarca’ passou a ser entoado em todas as partidas de waterpolo como saudação aos adversários e ao público. Mais tarde o ‘Cazarca’ passou para o basketball e, finalmente para o football. O público agradou-se do grito de guerra vascaíno e, em vez de ‘Cazarca’ passou a pronunciar ‘Casaca’
(
Jornal dos Sports, 17 de outubro de 1945, p. 3).

A despeito das informações fornecidas pelo Cascadura, sabe-se que a popularização deste cântico vascaíno data do ano de 1929, ao menos é a data mais provável apontada por nossas fontes escritas.

Outras fontes colaboram para a versão de que foi Paulo do Carmo o autor do Grito de Casaca e o próprio Cascadura viria a ratificar essa informação anos depois. No dia 07 de outubro de 1965, Paulo do Carmo, que trabalhava como funcionário do Clube na Sede Náutica da Lagoa, foi entrevistado e o jornal afirmou que ele foi o autor do Casaca.

Carioca, nascido em 27 de outubro de 1893, Paulo do Carmo chegou ao Vasco em 1917, para ser jogador de futebol. Foi também remador, nadador e jogador de polo aquático. Dedicou a maior parte da sua vida ao C.R. Vasco da Gama. Tornou-se chefe do Departamento de Escotismo do Vasco e teria criado o cântico que virou o Grito de Casaca e se popularizou em 1929.

Escoteiros do C.R. Vasco da Gama.

2 - Versão Supimpa.

De acordo com uma importante fonte oral, Feliciano Peixoto (conhecido pela alcunha de “Ramona”), ex-remador do Vasco na década de 20 e 30 do século passado, o Grito de Casaca teria se originado pelos amantes dos esportes náuticos e sua versão colabora em parte com que é dito por Alvaro do Nascimento.

De acordo com Feliciano Peixoto, integrante da “turma da fuzarca”, o Vasco da Gama, o Internacional e o Boqueirão do Passeio ainda não possuíam sedes sociais próprias na década de 20. Os seus adeptos se reuniam na rua e os atletas de remo e natação de cada clube se reconheciam por grupos.

Cada grupo possuía uma identificação própria. No Club Internacional de Regatas criou-se o “Grupo dos Lindos”; no Boqueirão, o “Grupo das Garrafas; e no Vasco, surgiu o “Grupo dos Supimpas”. Segundo “Ramona”, o Casaca surgiu dos Supimpas vascaínos.

O Grupo Aquático dos Supimpas foi organizado por remadores, nadadores e atletas de polo aquático do C.R. Vasco da Gama, em 1927. O nome teria se inspirado na cerveja Supimpa, da Brahma. O primeiro diretor do grupo foi Romeu Peçanha da Silva.

Os Supimpas começaram a promover reuniões festivas, que à época eram denominadas de “reco-reco”, e seus integrantes receberam a alcunha de “turma da fuzarca”. Nesse caso, fuzarca se refere à farra. Uma turma farrista.

O Grupo dos Supimpas foi crescendo, criando concursos de remo, polo aquático, natação, partidas de futebol, vôlei e basquete, e festividades diversas que atraíam, inclusive, adeptos de outros clubes da cidade.

Um importante ponto de encontro desses “fuzarquistas” era uma quadra de vôlei que localizava-se em um terreno na Rua México, no Centro do Rio. Neste local, para além dos vascaínos, também vinham o restante da nata dos esportes náuticos carioca. O vínculo de amizade estabelecido teria feito com que muitos daqueles que sequer torciam para o Vasco se tornassem sócios do Clube após a construção do Estádio de São Januário.

No contexto desse ambiente festivo, que incluía comemorações carnavalescas, os Supimpas desfilavam da referida quadra de vôlei até a antiga Praia das Virtudes. Foi então, dessa “turma da fuzarca”, surgindo um grito de guerra que utilizava o Casaca para rimar com Fuzarca.

Inicialmente entoado nas festividades do Grupo dos Supimpas, que se arrastavam pelo ano inteiro, passou a fazer parte das competições que o Vasco tomava parte. A partir disso, chegou ao futebol.

1929: O ano em que o grito de casaca ganhou o mundo.

Em 1929, o Vasco, que já contava com seu imponente Stadium, montou uma equipe que jamais poderá ser esquecida, afinal: “Jaguaré foi comprar ‘Brilhante’ na ‘Itália’, mas, Tinoco preferiu ir à Ópera ver ‘Fausto’ numa cadeira de ‘Mola’, enquanto Paschoal adquiriu por ‘Oitenta-e-Quatro’ mil réis um gato ‘Russinho’ para o Mário Matos brincar no Campo de ‘Santana’”.

Na onda desta inocente cantiga infantil, recitada entre a criançada vascaína (e de outros clubes também) eternizou-se o esquadrão-base Campeão Carioca de 1929, formado por: Jaguaré, Brilhante e Itália; Tinoco, Fausto e Mola; Paschoal, Oitenta-e-Quatro, Mário Matos e Santana.

Baseando-nos em fontes escritas, mais precisamente em fontes da imprensa, o Casaca se firmou e popularizou-se no ano de 1929.

No dia 04 de outubro de 1929, o jornal Crítica (fundado em 21 de novembro de 1928 e de propriedade de Mário Rodrigues) publicou na sua seção de esportes uma entrevista dada pelo jogador Theophilo, do São Cristóvão, ao redator do referido jornal.

O Campeonato Carioca estava chegando ao seu final e Vasco e América disputavam-no de igual para igual, eram os únicos clubes que poderiam ser campeões. O São Cristóvão enfrentaria o América no Domingo próximo (06/10/1929). A entrevista girava em torno deste evento. 

Em parte da conversa, o entrevistado, Theophilo, recita o “hymno de guerra do Vasco”, usando as suas palavras, é claro. A essência era esta, entretanto, poderia haver um “Casaca” a mais, “É boa” a menos… Assim ele disse:

‘Você se lembra do hymno de guerra a desafio do Vasco?

CASACA! CASACA!

A TURMA É BOA! É BOA!

É MESMO DA FUZARCA!

VASCOOOO!…’

Theophilo completa:

‘Pois , o hymno guerreiro do S. Christovão é idêntico. Ouça só:

CASACA! CASACA!

A TURMA É BOA! É BOA!

É MESMO DA FUZARCA!

SÃO CHISTOVÃOOO!’ (Crítica, 04 de outubro de 1929, p. 4).

Se formos levar ao “pé da letra”, vai parecer que a torcida do São Cristóvão possuía de fato o mesmo grito da torcida vascaína. No entanto, Theophilo, na entrevista que é descrita de modo informal, estava usando uma narrativa para dar ênfase a sua equipe, que seria da “fuzarca” tal qual o Vasco era.

Além disso, e principalmente isso, a derrota do América para o clube de Theophilo seria de fundamental importância para o Vasco. Então, poderíamos dizer que, o São Cristóvão representava o próprio Vasco em campo.

O referido jogo terminou empatado em 0 a 0.  No final das contas, após empatarem em número de pontos, Vasco e América tiveram que se enfrentar três vezes para sair um vencedor. As duas primeiras partidas terminaram, respectivamente em 0 a 0 e 1 a 1.

Na terceira e última peleja, uma esmagadora vitória do Vasco por 5 a 0 pois fim ao dificílimo Campeonato Carioca de 1929, coroando a histórica equipe vascaína e eternizando o Grito de Casaca.

Para reforçarmos ainda mais a originalidade e a autoria do Grito de Casaca como sendo legitimamente vascaíno, citaremos Mário Filho, respeitado escritor e jornalista. Na sua coluna DA PRIMEIRA FILA, no jornal O Globo Sportivo, ele nos elucidou que:

O Esporte [se referindo Sport Club Recife – grifo nosso] também tinha um hurra original. Casaca, asaca, saca, a turna é boa, é mesmo da fuzarca, Esporte, Esporte, Esporte!

Era o grito da torcida do Vasco de 29. Alguém do Esporte tinha vindo ao Rio, escutara o casaca, mais do que depressa escreveu para o Recife.

Outro clube poderia saber também, aparecer com o casaca antes do Esporte. E daí o Esporte ficava sem hurra. Imitar um clube do Rio estava certo, imitar um de Recife estava errado.

(O Globo Sportivo, 26 de agosto de 1949, p. 3). 

Mas, afinal, qual a credibilidade da fala de Mário Filho em 1949? Haja vista que a fonte mais antiga que os adeptos do Sport usam para se apropriarem da autoria do Casaca (Cazá para eles) é de 1936, o frevo-canção A Moreninha, escrita por Sebastião Lopes?  Total credibilidade! Sabem quem era o redator do jornal Crítica que entrevistou o jogador Theophilo em 1929?… O próprio Mário Filho, redator-chefe da seção esportiva do jornal o qual seu pai, Mário Rodrigues, era proprietário.

Os torcedores do Sport Club Recife se apropriaram do cântico vascaíno no contexto da influência exercida pelo Vasco no campo esportivo carioca na primeira metade do século passado, influência essa que ultrapassava os limites geográficos do Rio de Janeiro e chegava a alcançar o nível nacional. 

Cantar “Casá, Casá, Casaca (…)” era uma derivação natural que os próprios torcedores vascaínos já faziam. Inclusive, há fontes que relatam que desde a década de 30 o jornalista Ary Barroso, em seu programa esportivo, utilizava esse início como vinheta para introduzir as informações referentes ao Vasco. Para além disso, a fonte escrita que citamos (1929) é sete anos mais antiga que a primeira a aparecer com o “Cazá” dos nossos coirmãos recifenses (1936).

Os significados das expressões do Casaca.

Para além das variadas maneiras de se entender as expressões que originaram o Grito de Casaca, provavelmente a maioria delas vindas do remo do Clube, vamos tratar delas de maneira a tentar traduzir o que elas significavam no contexto do futebol na década de 20 e mostrar que, de certa forma, podem continuar a ter o mesmo significado para os vascaínos da contemporaneidade.

Expressões iniciais

Os termos e as expressões iniciais utilizados pelos vascaínos na introdução do Grito de Casaca são inspirados nos gritos acadêmicos, especialmente, da Universidade de Coimbra, em Portugal.  Além disso, a expressão “Ao (pessoa, entidade, etc) nada?, que deveria ser respondido com “Tudo!”, era algo que se tornou popular nas décadas iniciais do século XX, podendo ser cantarolado nas mais diversas ocasiões e lugares. 

A expressão “Casaca”

A utilização da expressão “Casaca” cantada pelos vascaínos nos anos 20 do Novecentos possui duas possibilidades de entendimento. A primeira delas é a de que utilizavam para chamar atenção dos rivais, representados simbolicamente pela casaca (vestimenta masculina de cerimônia). Fazendo isso, simultaneamente, demonstravam que não faziam parte do “mundo das elites”.

Segundo o ex-remador e Grande Benemérito Mario Lamosa, os remadores do Vasco na década de 20 eram bastante jovens e gostavam de participar de festas (o que colabora com as informações fornecidas por Feliciano Peixoto). Em uma das ocasiões festivas, o traje a rigor era a casaca, ou seja, um vestuário cerimonioso para homens. Após beberem muito, os vascaínos começaram a retirar as suas casacas e gritarem “casaca!”, fazendo uma provocação aos rivais que estavam presentes, indicando que aquela vestimenta “requintada” não lhes pertencia e sim aos integrantes dos clubes das elites.

Subentendemos que no futebol, o “casaca” passou a ser utilizado pelos vascaínos para chamarem a atenção dos torcedores rivais (notadamente, de Flamengo, Fluminense, Botafogo e América). Se por um lado, os rivais do Vasco enxergavam a torcida vascaína e seus jogadores (na sua maioria membros das camadas populares), como um conjunto de gente desordeira e que possuíam atitudes contra a tal “moral do esporte” (traço que retrata o racismo e o preconceito social por parte dos nossos rivais), por outro lado, os vascaínos enxergavam os rivais como sendo os “casacas”. Ou seja, faziam referência às elites administrativas e aos torcedores “requintados” dos outros clubes.

É nesse sentido que nos parece ilustrar a seguinte passagem:

E vendo o film sensacional é fôra de dúvida que a colossal turma do Vasco da Gama se recordará das suas victórias, cantando em surdina:

“Casaca…oh! Casaca!…

Nós somos mesmo da Fuzarca!…”

(Diario Carioca, 15 de abril de 1930, p. 5).

Apesar dessa possibilidade para o significado do “casaca” ser bastante forte há outra que não pode ser desprezada.

Nessa, o “casaca” cantados pelos vascaínos se referiria ao orgulho destes para com o manto sagrado do Clube. Naquele período, os jogadores entravam em campo com uma casaca nas cores do clube por cima do uniforme.

Já havia a concepção de ligar determinado partido, clube, ou qualquer instituição à expressão “casaca” (que estava diretamente relacionada às cores utilizadas pela entidade a que se referia).

“A turma é boa” / “É mesmo da fuzarca”

A expressão “A turma é boa” pode ser contemporaneamente traduzido para “O time é bom” ou “A equipe é boa”. Dessa forma se refere ao plantel que o Clube possui. Assim falava o Presidente do Vasco, Raul da Silva Campos, sobre o time de futebol:

“O Vasco tem consciencia do valor do seu team. A nossa turma é boa e não se arreceia de enfrentar adversarios. Não precisamos de campeonato de favor”
(A Batalha, 10 de dezembro de 1930, p. 7).

Acreditamos que a expressão “É mesmo da fuzarca”, embora possa ter o significado festivo, estaria mesmo é ligado com a questão técnica da equipe vascaína.

Naquele ano de 1929, o termo “fuzarca” estava na moda. A então gíria tipicamente carioca era utilizada livremente para se relacionar a alguma coisa, a alguém ou a algum fato que fosse, nos dizeres atuais, “maneiro”, “legal”, “de farra”, “de boemia”, “de bagunça”, etc.

No futebol, o termo “fuzarca” poderia remeter-se à “qualidade”, “dotes técnicos excepcionais” ou ser sinônimo do contemporâneo “de arrasar”. Ou seja, dizer que um time ou um atleta era da “fuzarca” poderia ser que ele fosse “de arrasar”.

Cantemos o casaca!

Diante das informações que temos, podemos concluir que o Grito de Casaca surgiu do meio vascaíno e no ano de 1929 se popularizou nos estádios de futebol e mereceu registro da imprensa escrita. Se quem começou foi Paulo do Carmo no Escotismo do Vasco, se foram os Supimpas ou se juntos, escoteiros vascaínos e supimpas, compuseram o Grito de Casaca, não sabemos ao certo.

Mas, parece mais provável que o Casaca tenha surgido a partir do encontro de todas essas pessoas, que comungavam de um ato comum: torcer para o Vasco.

O Casaca passou a ser cantado ou puxado pelos membros de todos os departamentos e poderes do Clube. Enfim, por todos e todas.

Se ainda há dúvidas sobre como ele foi sendo construído dentro do Vasco, de sua torcida, não há qualquer dúvida sobre a sua origem: VASCAÍNA!

* O conteúdo dos artigos publicados é de inteira responsabilidade de seus autores, não representando necessariamente a posição oficial do Club de Regatas Vasco da Gama.

Sobre Walmer Peres

No Vasco desde 2009, Walmer Peres formou-se em História pela UFRJ, possui Mestrado em História Política (UERJ) e cursa o Doutorado no PPGH-UERJ. Criador do Tour da Colina, atualmente, é o Historiador do C.R. Vasco da Gama e Coordenador do Centro de Memória CRVG.

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