Há 100 anos, era fundado o Sport Club Feminino Vasco da Gama. Organizando partidas de futebol, tênis, basquete e provas de corridas, além de eventos sociais, o S.C. Feminino Vasco da Gama faz parte das primeiras experiências femininas na constituição de clubes e na prática do futebol no Brasil. Trata-se da primeira experiência do futebol feminino no C. R. Vasco da Gama.
Esse clube surgiu por iniciativa de sócias da agremiação cruzmaltina, que desejavam experimentar a prática do futebol. As Pioneiras Vascaínas, como atletas, foram: Nicia Barbosa (goleira), Isolina (zagueira), Izabel de Jesus Teixeira (zagueira), Enriqueta (médio), Isabel Puerta (médio), Virginia Clement (médio), Luiza (atacante), Mary de Castro (atacante), Regina Adolphson (atacante), Maria José (atacante) e Djanira Faria (atacante).
A sede social do S.C. Feminino Vasco da Gama era situada na Travessa do Torres, n° 15, residência do benemérito vascaíno Antonio da Fonseca Teixeira. A sede esportiva, onde as atletas treinavam e jogavam, ficava no campo da Rua Morais e Silva, na Tijuca, local onde também treinavam os Camisas Negras, campeões cariocas de 1923. O massagista da equipe era Adriano Rodrigues dos Santos, 2° Diretor de Desportos Terrestres do Vasco e um dos grandes responsáveis pela formação dos Camisas Negras.
Nos eventos do S.C.F. Vasco da Gama, fossem esportivos ou sociais, estavam presentes dirigentes do Club de Regatas Vasco da Gama, sendo alguns pais ou parentes das sócias vascaínas que administravam o clube feminino. Os jogadores de futebol também se faziam presentes nos eventos. Entre eventos sociais e esportivos, surgiu uma grande história de amor.
Unidos pelo amor ao Vasco
Dentre as Pioneiras Vascaínas do S.C. Feminino Vasco da Gama, havia a zagueira Izabel de Jesus Teixeira, que, através do Vasco, conheceu o ponta-direita Paschoal Cinelli. Apaixonaram-se e se casaram, no dia 7 de janeiro de 1927.
Izabel de Jesus Teixeira nasceu em 4 de outubro de 1902, na cidade do Rio de Janeiro. Era filha do farmacêutico Antonio da Fonseca Teixeira, imigrante português que nasceu no Porto e veio para então capital do Brasil para melhorar de vida, conseguindo acumular posses. Sua mãe, Anna de Jesus Teixeira, era imigrante portuguesa, nascida na cidade de Viseu, e ocupou o cargo de Tesoureira no S.C. Feminino Vasco da Gama. Havia também outra parente na diretoria desse histórico clube de iniciativa das vascaínas, Maria Teixeira. Os pais de Izabel vieram do Norte de Portugal, assim como milhares de imigrantes lusitanos, muitos dos quais ajudaram a construir o colosso chamado C.R. Vasco da Gama.
Paschoal Cinelli (ou Chinelle) nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 19 de abril de 1900. Seu pai, Francisco Chinelle, era imigrante italiano e peixeiro de profissão. Sua mãe era a brasileira Regina Cataldo Chinelle. Paschoal, antes de vir para o Vasco, era estofador. Descoberto nas peladas do Cais do Porto, veio do pequeno Sport Club Rio de Janeiro para a agremiação vascaína, e conservou a Cruz de Cristo em seu coração até o fim da vida.
Para mais informações sobre Paschoal, ver: https://crvascodagama.com/100-anos-de-camisas-negras/100-anos-de-camisas-negras-paschoal/
Izabel, jogadora do Vasco da Gama feminino, e Paschoal, jogador do Vasco da Gama masculino, tiveram dois filhos: Jayme e Jorge. O pequeno “Jayminho”, um dos frutos desse amor de pessoas de mundos sociais distintos que o Vasco conectou, tornou-se mascote da equipe vascaína, aparecendo junto a grandes esquadrões da Cruz de Malta, como as equipes campeões cariocas de 1929 e 1934.
A partir do amor pelo Vasco surgiu um outro amor, uma família, legitimamente vascaína. Por toda a vida levaram essa união e deixaram frutos.
Assim é o Vasco, senhoras e senhores.
