a glória dos camisas negras

A ETERNIDADE

A equipe vascaína era formada por atletas negros e brancos, de baixa condição social, dos quais poucos sabiam ler e escrever de acordo com as exigências dos “defensores da moral do esporte”. Através de uma campanha avassaladora, com 11 vitórias, 2 empates e apenas 1 derrota contestável, o Vasco rompeu o paradigma que fora instalado desde o surgimento da competição, que hoje conhecemos como Campeonato Carioca. Organizado pela primeira vez em 1906 pela então Liga Metropolitana de Football, até 1922 nenhum clube que havia conquistado a competição possuía jogadores das camadas populares. O Cruzmaltino abraçou os “indesejáveis do futebol” e esses jogadores foram fundamentais para a construção do gigantismo desta agremiação. O Vasco obtinha o sucesso esportivo no futebol com seus jovens atletas, dando prosseguimento aos feitos vitoriosos já obtidos no remo. A fórmula vascaína era a mesma: servir de espaço para a prática institucionalizada do esporte, sem distinção racial, étnica e social, onde os excluídos pelas elites da época seriam protagonistas e não mais coadjuvantes.

A Tribuna, 21 de agosto de 1923, p. 1. Acervo: Centro de Memória CRVG