Entre 1898 e 1902, as partidas de futebol foram se tornando uma realidade mais constante na cidade do Rio de Janeiro, geralmente, a partir das iniciativas de membros da colônia britânica associados às agremiações de críquete.
Em 12 de julho de 1902, foi criado o Rio Foot-ball Club, na sede do Club de Natação e Regatas (atual Club de Natação e Regatas Santa Luzia), demonstrando uma melhor estruturação do futebol em terras cariocas.
Em 1905, já contando com vários clubes que se destinavam a desenvolver essa modalidade, houve condições para a organização de uma liga que promovesse um campeonato anual.
Fundada por agremiações que possuíam um perfil de dirigentes pertencentes a estratos sociais mais abastados da metrópole carioca, a Liga Metropolitana de Football surgiu em 08 de julho de 1905.
No início de 1907, a Liga Metropolitana de Football (LMF) passou a se chamar Liga Metropolitana de Sports Athleticos (LMSA), o que demonstrava a intenção dos dirigentes da entidade em reforçar o controle sobre o futebol e ampliar a sua influência para outros esportes
Rio, 1 de Maio de 1907. – Communico-vos que a directoria da Liga, em sessão de hoje, resolveu, por unanimidade de votos, que não sejam registrados, como amadores nesta Liga, as pessoas de côr. Para os fins convenientes ficou deliberado que a todos os clubs felliados se officiasse nesse sentido, afim que scientes dessa resolução, de accordo com ella possam proceder.
Ofício da Liga Metropolitana de Sports Athleticos. O Fluminense, 22 de maio de 1907, p. 2
Os membros da Diretoria da LMSA, assim como os dirigentes de diferentes clubes, entendiam que o fato de uma pessoa ser negra era uma condição decisiva para que automaticamente não tivesse condições morais para praticar o futebol.
O PRECONCEITO DA COR EXCEPÇÃO ODIOSA (…) Por este officio (…) ficam todos scientes de que o homem de côr póde ser médico, advogado, artista, engenheiro, militar, intendente, Deputado, Senador (…) tódo menos socio de um club de foot-ball”
Jornal do Brasil, 19 de maio de 1907, p. 11
Ofício da Liga Metropolitana de Sports Athleticos. O Fluminense, 22 de maio de 1907, p. 2
Enquanto a principal liga de futebol do Rio de Janeiro era controlada pelos dirigentes dos grandes clubes de futebol ligados às elites da cidade, existiam outras ligas, especialmente no subúrbio carioca, onde o futebol já dominava o apreço da população.
Destaque para as duas maiores: a Associação Athletica Suburbana e a Liga Suburbana de Football, sendo esta última a maior entidade que regia um campeonato entre os clubes do subúrbio.
Nesse verdadeiro celeiro de craques, os dirigentes vascaínos encontraram os jogadores necessários para vencer as adversidades e fazer o Vasco crescer no futebol.
O critério da seleção dos dirigentes vascaínos era simples: ser bom de bola, independente de cor/etnia ou condição social. Essa política de abertura e assimilação vascaína, pilar da Fundação do Clube e já levada a cabo na sua vertente do remo muitos anos antes, foi vital para a futura trajetória de vitórias do futebol vascaíno e o crescimento da agremiação cruzmaltina.
Desde sua primeira temporada, em 1916, o Vasco buscou jogadores nos diversos cantos da cidade do Rio de Janeiro para compor o elenco dos seus quadros de futebol.
Após o primeiro turno daquele ano, no qual o Vasco se lançou para o futebol de forma ainda improvisada, o Clube começou a selecionar jogadores que pudessem qualificar seus times em todas regiões e estratos sociais da cidade.
A casa aberta e inclusiva do Vasco da Gama deu oportunidades a vários jogadores oriundos de clubes pequenos e agremiações dos subúrbios. A cada ano as equipes do Vasco se qualificavam, pavimentando o caminho para que pudessem vir a enfrentar as equipes dos poderosos da época.
A lendária equipe vascaína que conquistaria o título de 1923 começa a ter a sua espinha dorsal construída de 1919 a 1922. Nesse período, verifica-se a “contratação” de atletas que atuavam nos clubes dos subúrbios, nas pequenas agremiações ou naquelas que eram emergentes, com potencial para vencerem a principal competição de futebol da metrópole carioca. O elenco dos Camisas Negras em 1923 possuía 16 jogadores. Adão foi o primeiro, em 1916. Ele já era sócio do Clube e campeão no remo. Nelson, o grande goleiro, chegou em 1919. Torterolli, o “Príncipe dos Passes”, veio em 1920. Negrito, o Capitão, entra para o 1.º Quadro no mesmo ano. Arthur, Mingote, Nolasco, Paschoal e Pires chegaram em 1921. Bolão, Leitão e Nicolino debutaram em 1922. Cecy, Claudio, Russo e Arlindo reforçaram a equipe principal em 1923.
Além dos melhores jogadores, o Vasco trouxe o melhor técnico em atividade: Ramón Perdomo Platero. O comandante uruguaio aperfeiçoou o que hoje conhecemos como “concentração”, revolucionou a preparação física e fez dos Camisas Negras um time incansável, que demonstrava sobrar fisicamente na segunda etapa das partidas. Além do preparo físico, organizou a equipe taticamente para que pudesse enfrentar os grandes da época, já experientes no ludopédio. Sob o pavilhão do C. R. Vasco da Gama, os Camisas Negras, com jogadores negros, pobres e operários, contra tudo e contra todos, se sagrariam Campeões da Cidade do Rio de Janeiro e revolucionariam o futebol brasileiro.
No dia 12 de agosto de 1923, o Vasco escrevia essa que é uma das mais lindas páginas de sua história e do futebol brasileiro. Nesse dia, no Estádio de General Severiano, após estar perdendo por dois gols de diferença para o São Christovao, os vascaínos venceram a partida de virada, por 3 a 2, com gols de Cecy e Negrito, para serem campeões. Os Camisas Negras do Vasco da Gama rompiam as barreiras raciais e sociais impostas por uma sociedade ainda dominada pelo preconceito e entravam para a história. Salve os Camisas Negras, heróis do Vasco e do Brasil!
Destaque para as duas maiores: a Associação Athletica Suburbana e a Liga Suburbana de Football, sendo esta última a maior entidade que regia um campeonato entre os clubes do subúrbio.
Nesse verdadeiro celeiro de craques, os dirigentes vascaínos encontraram os jogadores necessários para vencer as adversidades e fazer o Vasco crescer no futebol.
O critério da seleção dos dirigentes vascaínos era simples: ser bom de bola, independente de cor/etnia ou condição social. Essa política de abertura e assimilação vascaína, pilar da Fundação do Clube e já levada a cabo na sua vertente do remo muitos anos antes, foi vital para a futura trajetória de vitórias do futebol vascaíno e o crescimento da agremiação cruzmaltina.
Desde sua primeira temporada, em 1916, o Vasco buscou jogadores nos diversos cantos da cidade do Rio de Janeiro para compor o elenco dos seus quadros de futebol.
Após o primeiro turno daquele ano, no qual o Vasco se lançou para o futebol de forma ainda improvisada, o Clube começou a selecionar jogadores que pudessem qualificar seus times em todas regiões e estratos sociais da cidade.
A casa aberta e inclusiva do Vasco da Gama deu oportunidades a vários jogadores oriundos de clubes pequenos e agremiações dos subúrbios. A cada ano as equipes do Vasco se qualificavam, pavimentando o caminho para que pudessem vir a enfrentar as equipes dos poderosos da época.